sexta-feira, 9 de abril de 2010

Entre Flashes e Carícias


Ele faz aquela cara de quem não está acreditando quando me vê nua por cima dele. Deitado e paralisado por alguns segundos admiro sua expressão séria olhando pro fundo dos meus olhos descendo pelo contorno da minha boca como se a estivesse beijando em pensamento.
Com as mãos na minha cintura ele franze a testa e com a luz que foge pela fresta da janela percebo o suor iluminando os poros do seu rosto. Entre carícias, arranhões e mordidas ali ficamos, como numa dança, encaixados, porém paralisados no mesmo lugar, o suficiente para continuar sentindo o calor um do outro e permanecer no ritmo. A essa altura não sei se o meu suor é meu mesmo ou dele, o que sei com certeza é que a essa distancia sinto o coração dele pulsando tão forte que chego a pensar ser o meu. A única que coisa que me passa pela cabeça a essa hora é a vontade de continuar ali, com as unhas fincadas nas costas dele até o ultimo suspiro de que me restar...Desejando que essa hora seja eterna.
Nesse momento sinto que nunca houveram brigas, nem lágrimas, e as vezes em que chorei decepcionada por algo que ele tenha me feito na verdade nunca aconteceram. Não lembro das minhas contas, nem dos meus problemas, nem o fato de não ter um real na carteira me atormenta.
Gosto quando ele fecha os olhos e deixa que eu comande tudo, quando ele me implora pra parar querendo na verdade o contrário, quando faz isso um pequeno flash na minha cabeça me faz recordar o quanto ele fica bravo por eu tentar pagar uma conta, ou lavar uma louça... Sempre tão controlador, nunca posso fazer nada. Mas ali não. Ali sou eu quem manda se assim eu o quiser.
Mas não gosto disso sempre, e sinto que ele percebe de imediato. Em questão de segundos me arranca de cima dele e com poucos movimentos me joga numa posição que parece impossível em tão pouco tempo, me domina por completo, e em outro pequeno flash lembro dele a tempos atrás, do cara tímido que eu conheci, o cara que me comprou um chaveirinho em forma de cachorrinho uma vez, me trouxe uma rosa amarela no ponto de ônibus e mal conseguia me encarar sem ficar todo sem graça, ele não parecia tão confiante de si. Não assim, como aqui na cama.
Ao finalizar todo o ritual, onde já não existem posições que diminua ou amenize o intenso prazer, chegamos onde não há flash que se aproxime. Os neurônios.. O que são neurônios? Nem mesmo o meu nome consigo lembrar nesses pequenos segundos. A única coisa que passa pelos meus olhos nesse momento são os dele, revirados como se estivesse sendo torturado por dentro. Percebo que segura a vontade de soltar aquele grito, e me prende com uma força intensa entre os músculos contraídos do seus braços.Ele parece não perceber agir assim, da mesma maneira que mal percebe a maneira como seus braços ficam fracos derrepente e me soltam... Ambos agora tão fracos deitam novamente, admirando em silêncio ainda os pequenos impulsos elétricos que vão nas pontas dos dedos dos pés subindo como um choque até a nuca, numa fração de segundos. Não há vontade alguma em abrir os olhos, quem sabe assim esse momento se eternize por alguns momentos mais? Assim gostaria. Ao abrir os olhos, vejo que os dele ja estão abertos. Me observa e parece não acreditar novamente. Só que agora vejo novamente o cara tímido, meio controlador, e me ocorre a lembrança de que na carteira não tem nem um real, além apenas do chaveiro em forma de cachorrinho pendurado pelo zíper da bolsa de moedas.
A diferença é que agora seus defeitos parecem mesmo menores e se tornaram encantadores por algum motivo. Quem sabe os flashes se fundiram com as carícias e fezeram com que quisesse você por inteiro, com ou sem a rosa amarela, ou chaveiro? Agora só o que penso é que quero você mesmo assim. Inteiro e sem reservas. Definitivamente agora te chamar de meu.

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